sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Brasil e a civilização

Você acredita que o povo brasileiro é civilizado?

Esse é um tema muito delicado, pois sempre que generalizamos algo nos arriscamos a cometer injustiças. Vou correr esse risco e dizer que não somos um povo civilizado. Precisamos resolver muitos problemas antes de chegarmos perto de sermos um povo civilizado.

Por que estou afirmando isso? Bem, na realidade tenho muitos motivos, mas vou usar apenas um exemplo para tentar me explicar. Usarei o texto publicado no "Blog do Paulo Sant'Ana" entitulado "Bicicletas pelos ares".

O início do texto é o seguinte:
"O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da Cidade Maravilhosa, Eduardo Paes, em viagem à Europa, ficaram abismados quando viram como funciona lá o sistema público de aluguel de bicicletas, integrado às linhas do metrô de Paris.

Por esse sistema, o público aluga uma bicicleta num ponto e pode dispensá-la em outro lugar bem distante, bastando para isso fazer um pagamento nos postos de partida ou chegada.

E resolveram implantar o sistema no Rio de Janeiro, antes mesmo da Copa do Mundo 2014 e da Olimpíada 2016."

Você sabe como o texto continua? Pense um pouco. Tente imaginar o conteúdo dos próximos parágrafos. Se ficou curioso leia a texto completo no "Blog do Paulo Sant'Ana".

Para completar, obviamente não é apenas em Paris que existe esse tipo de sistema de aluguel de bicicletas. Você pode encontrar isso em muitas cidades européias. Nas cidades onde o sistema de aluguél não existe (ou mesmo que exista) o povo faz questão de usar bicicletas como meio de transporte. Rápido, limpo, saudável e muito barato.

É claro que eles tem a infra-estrutura necessária, mas pricipalmente são, em geral, um povo mais civilizado.

Veja três fotos que fiz em Amsterdãm:











Para ver mais fotos de Amsterdãm clique aqui.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sobre Educação

Hoje recebi um texto sobre a educação no Brasil. Algum brasileiro indignado com a situação do nosso sistema de educação não conseguiu se calar. Ainda bem que existem pessoas assim. Infelizmente não sei quem é o autor do texto para dar-lhe os créditos. Ao ler esse texto, é impossível não pensar em diversos outros assuntos que estão em pauta com nossos governantes, como a aquisição de armamentos, os projetos "bolsa qualquer coisa" (algo parecido já foi utilizando há muito tempo lembra? A tal da política do pão e circo), apoio a ONGs de todos os tipos (as quais muitas vezes nem ao menos existem) e muitos outros.

Decidi então publicar esse desabafo (o texto que recebi) aqui no blog e fazer minha parte no sentindo de incentivar a discussão sobre o tema. Espero que vocês leitores reflitam sobre o assunto, tirem suas conclusões e lutem por uma educação de qualidade para todos os brasileiros. Não podemos esquecer que o ensino e a educação para todos é de extrema importância. Porém, tão importante quanto proporcionar isso a todos os brasileiros é permitir que todos tenham um ensino de qualidade e não sejam "semianalfabetos" que representam números nos relatórios do governo.

Aqui vai o texto na íntegra:

"Outro dia, folheando a revista Veja num consultório médico, li uma reportagem bastante interessante que mostrava, com estatísticas, que as crianças de origem asiática, que vivem no Brasil, apresentam um desempenho escolar superior ao dos estudantes brasileiros. O texto explicava que, nas classes onde elas são maioria, o silêncio e a atenção são uma constante. Ouve-se claramente  a voz do professor explicando a matéria. Dizia também que essas crianças dedicam nove horas diárias ao estudo (cinco na escola e quatro em casa) enquanto que as nossas, apenas cinco (as da escola).

Quando chegam em casa, essas crianças pegam seus cadernos, livros e estudam. Fazem os deveres de casa que o professor passa, lêem, treinam equações matemáticas etc. Enquanto os brasileirinhos, em sua  maioria, vagueiam pelas ruas empinando pipa ou jogando bola. Com isso, os asiáticos do nosso país estão conseguindo os melhores postos de trabalho (que são justamente aqueles que exigem maior qualificação e preparo) em empresas com ótima remuneração, assistência médico-hospitalar e condições de ascensão profissional.

E tudo isso me fez lembrar de uma menina brasileira que morava no Japão e veio visitar os parentes que ficaram aqui. A tia dela era Orientadora na escola onde lecionávamos. Certo dia estávamos em nossas classes, tentando dar aula e explicar a matéria para os alunos que, como sempre, só conversavam e brincavam de costas para a lousa ... enquanto  isso, a  tia, nossa orientadora, vagava com a garota pelos corredores da escola, procurando uma classe  mais calma, onde a sobrinha pudesse ficar resolvendo as questões de uma provinha de terceira série que ela (tia) havia preparado, para verificar o aproveitamento e a adaptação da menina na escola japonesa.

Mas a menina ficou aterrorizada com a gritaria dos nossos alunos e preferiu resolver a prova na Biblioteca, alegando que não conseguiria concentrar-se com aquela bagunça ... Perguntamos então o que acontecia, na escola dela, com os alunos que só queriam brincar, não estudavam e não respeitavam o professor em sala de aula. Ela disse que eles eram castigados. Perguntamos então qual era o tal castigo. E sabem o que ela respondeu?

Que não sabia, porque na classe dela nunca havia visto um aluno conversar durante as explicações ou desrespeitar seu professor .... Perceberam a diferença?

Nas escolas públicas, as salas de aula são superlotadas, com até 45 alunos por classe. Para esse auditório, o professor tem que ensinar:
- o conteúdo das disciplinas (Matemática, Português História, Geografia, Ciências) + cidadania + valores + educação sexual + higiene + saúde + ética + pluralidade cultural.

Deverá também funcionar como psicólogo, assistente social, orientador educacional e orientador pedagógico, desempenhando também todos os deveres familiares que a sociedade resolver transferir para a escola.

Nossos alunos dizem que as aulas são chatas e alegam que não gostam de ler, que ler não é divertido .... que jogar bola e empinar pipa é melhor... E todos logo gritam em coro:
- Culpa dos professores que não dão uma aula divertida e atraente para as crianças

O Governo, através das Secretarias Estaduais de Educação, surge em cena alegando que o aluno que temos é assim mesmo e que os professores precisam aprender a ensinar ... Rotula o magistério oficial como “professores nota zero”. O que eles querem esconder é que temos em classe crianças (filhos de eleitores) que recebem o livro didático, cadernos e até mochilas mas “esquecem” em casa para ficar brincando durante a aula ... Crianças que não fazem lição de casa, não estudam e nem sequer prestam atenção as explicações do professor em classe.

Para agradar os pais eleitores, a Secretaria da Educação encaminha os professores para cursos de “capacitação”, alegando que eles não têm mais capacidade para ensinar. Contratam firmas para dar esses cursos que segundo eles, tem o poder de transformar “profissionais  despreparados” em professores criativos, prontos para  dar uma aula eficaz, envolvente, estimulante  e, ao mesmo tempo, divertida, capaz de fazer com que os alunos gostem mais da escola do que das partidas de futebol, mais de leitura do que  dos jogos no computador .... É claro que esse discurso de responsabilizar o professor e varrer a sujeira pra baixo do tapete não vai levar a  Educação a lugar nenhum.
Mas serve perfeitamente para justificar, junto a opinião pública, os baixos salários pagos aos profissionais do Estado, principalmente  de São Paulo que mais arrecada impostos no País.

Imagine que você está doente, vai ao médico e ele prescreve determinado remédio. Você não toma o medicamento, não faz a sua parte e culpa o médico por não melhorar ... Assim acontece nas escolas públicas: o professor ensina e os alunos não prestam atenção, não estudam, não fazem os deveres de casa, como nossos amiguinhos asiáticos. Daí vem o governo e culpa o professor pelo mau desempenho dos “estudantes”.

Para justificar mais uma vez a falta de reajustes e os baixos salários o Governo implantou um sistema de avaliação. Os professores recebem um bônus por produtividade, uma vez por ano, se os alunos estudarem, se os alunos não faltarem, se os alunos não se evadirem, se os alunos ...

E, como o aluno não quer saber de nada, estamos sem reajustes salariais (uns 11 anos). Daí vemos o governador na TV dizendo que pagou seis mil reais de bônus aos professores. Só que se isso fosse averiguado direitinho, a verdade seria descoberta. Para se ter uma idéia, tem escolas onde nenhum professor recebeu bonificação porque... houve evasão, porque o aproveitamento dos alunos não se alterou, e assim por diante! Sem contar que, nesse sistema de bonificação por produtividade, os aposentados, por não terem mais alunos, são castigados e estão sem reajuste há anos (desde que se passou a avaliar professores pelo desempenho dos alunos...)

Ninguém quer sugerir aos eleitores a receitinha  das crianças asiáticas:
- fazer a lição de casa,
- estudar,
- empenhar-se,
- dedicar-se.
- Enfim, fazer sua parte!


A verdade é que o educador deixou de ser modelo para os jovens: ganhamos mal, nos vestimos mal e somos alvo constante da crítica social. Hoje, modelo para os jovens, são os milionários jogadores de futebol, pagodeiros e outros mais que prefiro nem relacionar aqui ...

Vamos combinar, não dá para falar em Educação de Qualidade enquanto o profissional da educação for sistematicamente desvalorizado, tratado  pelo governo, pelas famílias e pela mídia em geral como um inimigo público, um vagabundo etc. Nessas condições, que aluno vai querer ouvir o que uma pessoa assim tem a dizer?

Pedimos a todos que repassem esta mensagem para sua lista de contatos. Não temos voz na mídia e precisamos da internet para que a população saiba o que acontece nas escolas brasileiras."

Enquanto nós pagamos impostos que não são revertidos para os devidos fins como educação, saúde e segurança, nossos compatriotas do MST festeja e passeia por Paris. Não acredita em mim? Veja você mesmo:

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2009/11/26/mst-acampa-em-paris-244732.asp
http://www.vilammo.com/forum/index.php?showtopic=55585
http://polibiobraga.blogspot.com/2009/11/mst-como-os-bons-selvagens-de.html
http://twitpic.com/nli3l

E quem paga por essas festança? Nós, contribuíntes brasileiros da a classe média (seja lá qual for a faixa da classe média atualmente). Pagamos impostos em proporções injustas, e para que? Para que os "bonitos" do MST celebrem seus fabulosos 25 anos em Paris. Que maravilha!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Paris

O que poderia ser a realização de um sonho virou um pesadelo terrível.


A cidade em si é muito bonita, mas também está longe de ser a última bolacha do pacote, como a propaganda faz parecer. A poluição visual de placas, fios e prédios contribuem negativamente para o visual dos atrativos históricos.


Bem, você, caro leitor, deve estar se perguntando o por que da primeira frase, certo?


Vou tentar justificar em poucas palavras. Mas antes gostaria de deixar bem claro que tudo que for escrito aqui pode ter sido apenas um acaso. Não que eu acredite nisso, mas muito amigos meus foram a Paris e gostaram muito. A nossa experiência, minha e da Thaís nessa cidade foi muito ruim.


Estávamos repletos de boas expectativas, mesmo tendo sido avisados dos problemas linguísticos pois é sabido que os franceses têm um "certo" problema com a língua inglesa. Para tentarmos minimizar esse problema, a Thaís fez algumas aulas de fracês básico de modo que pudessemos começar os diálogos em francês e então sugerir outro idioma dentre o português, o espanhol e o inglês, necessariamente nessa ordem. Com essa "carta na manga" chegamos a Gaie du Nord (Estação de trem do norte de Paris).


Já no primeiro passo para fora do trem senti a diferença no ar. Explico. A atmosfera em Paris não é mesma que nas outras cidades que visitamos, definitivamente não. Povo meio apressado, sem muita educação e cuidado."Mas tudo bem", pensei, "estamos numa estação de trem, e as pessoas normalmente estão com pressa nesses locais".


Próximo passo: comprar os tíquetes para o transporte público. Não foi muito difícil no começo pois encontramos um grupo de jovens que estavam recepcionando os turistas e dando algumas informações. Nesse caso, o rapaz que nos atendeu FALOU EM INGLÊS!! Fantástico! Nossa primeira interação com franceses em terras francesas e conseguimos falar em inglês. Fiquei impressionado e muito mais animado para a visita, já que não tivemos problema de comunicação.


No entanto a alegria durou menos de 5 minutos, tempo em que ficamos na fila para comprar os tíquetes. Assim que chegamos ao guichê, a nossa limitação com o idioma francês veio à tona e as complicações começaram.


Algum tempo depois, chegamos ao hotel, o Ibis Porte Dore. Na recepção, apesar de todos os funcionários serem capacitados para falar mais de 3 idiomas, incluíndo o espanhol e o inglês (e possuírem crachá indicando isso), todos se recusavam a falar conosco em qualquer idioma que não fosse o francês. Inclusive, um dos funcionários usou mímica várias vezes para nos explicar onde ir ou que linha de metrô pegar. Terrível isso.


Durante os passeios na cidade não foi diferente. Mercado, farmácia, panificadora, restaurantes... sempre a mesma coisa. Atendentes mal humorados, mal educados! Sempre groceiros e completamente sem vontade de atender, em especial os garçons. A sensação que tivemos foi a de que eles, os franceses, estavam fazendo um favor em receber os turistas. Impressionante! Especialmente numa cidade tão antiga e que é um dos principais destinos turísticos do mundo.


Tudo isso me faz pensar que perdi 4 dias da minha vida e muita grana indo a Paris. Ficamos 5 dias por lá, e só não me arrependo de um dia, o qual usamos para visitar o Museu do Louvre. Esse sim é espetacular, porém muito grande. Calma não estou reclamando do Museu. Estou reclamando da estratégia que usamos para visitar a cidade. Deveríamos ter ido todos os dias ao Louvre para visitá-lo com calma e apreciar cada seção desse fabuloso local. Um dia não é suficiente para ver nem mesmo um único andar.


Pois bem, não vou mais perder muito tempo escrevendo sobre Paris afinal, como já havia dito, já desperdicei dias suficientes da minha vida com essa cidade. Vou sim, dar algumas dicas para que você não tenha a mesma experiência que tivemos, caso vá a Paris.


- Primeiro, vá com algum francês;
- Segundo, tenha bom conhecimento do idioma local. Se não for fluente ao menos consiga se comunicar bem;
- Terceiro, passe uma semana em Curitiba no Paraná antes de ir à França, pois lá em Curitiba as pessoas em geral são quase tão bem humoradas e educadas quanto na França. Com isso você pode fazer uma espécie de ambientação mais econômica e com melhor comida;
- Quarto, vá com muita grana e selecione um bom hotel. Talvez pagando mais você seja melhor atendido;
- Quinto, não perca tempo e dinheiro visitando as Catacumbas de Paris;
- Sexto, vá ao Louvre e à Ópera Nacional de Paris;
- Sétimo, faça ao menos 6 meses de yoga como exercício de preparação mental, o que deve lhe ajudar a ser mais tolerante;
- Oitavo, não crie muitas expectativas boas. Assim, diminuem as chances de decepção;
- Nono, se tudo isso for muito trabalhoso ou caro, vá para Viena a capital da Áustria. Lá tudo é muito mais bonito (inclusive o Palácio de Versalles não chega aos pés do Palácio de Schönbrunn em Viena) as pessoas são educadas e gentis, e finalmente, o custo é muito menor.


Me desculpem os franceses que são diferentes do que relatei aqui. Estou escrevendo isso porque conheço duas garotas francesas que são realmente bem diferentes do que descrevi nesse post, inclusive as duas não gostam de Paris e concordam em parte com meu ponto de vista.


Não poderia esquecer, eles tem sim dois pontos muito positivos:
1) a panificação é excelente; e
2) os vinhos são realmente muito bons.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Edimburgo

Quando planejamos a viagem para Edimburgo pensamos em ficar por lá apenas 3 dias, já que, segundo rumores, a cidade não tem muito a oferecer além do Castelo. Porém o que vimos por lá foi muito mais do que o Castelo. A cidade toda é muito interessante, com um humor muito peculiar e muitas atividades a qualquer hora do dia ou da noite. As dezenas de vielas e ladeiras escuras e muito estreitas guardam segredos seculares e muitas histórias de drama, terror e mesmo fantasias com fantasmas que, segundo os mitos locais, são verdadeiros e atraem um grande número de turistas à cidade. A arquitetura da cidade também é muito interessante, com muitos prédios históricos, algumas igrejas bonitas e, obviamente, um grande castelo medieval muito bem preservado até os dias de hoje.

Destacamos aqui três lugares muito interessantes para se visitar em Edimburgo (mas gostaríamos de lembrar que existem outros atrativos também muito legais): 1) o Castelo de Edimburgo, 2) a Catedral de St. Giles, e 3) O trono de Arthur.






1) O Castelo de Edimburgo é uma fortaleza medieval muito imponente que se destaca no coração da cidade, sobre uma grande rocha chamada Castle Rock de origem vulcânica (na verdade ,segundo geólogos, já foi um vulcão ativo), mas atualmente 'apenas' um suporte para o castelo. Os primeiros sinais de ocupação humana nesse sítio datam do século 9 antes de Cristo. Como símbolo da realeza e moradia real, foi fundado no século 12 e continuou a ser utilizado como residência real até a junção das coroas em 1603, quando a Escócia se uniu à Inglaterra, marcando a ascensão de James IV, Rei da Escócia, ao trono da Inglaterra.

Por ser uma das mais importantes fortalezas do reino da Escócia, o castelo foi alvo de diversos conflitos, sendo atacado, invadido e conquistado, assim como reconquistado, diversas vezes. Apenas alguns dos prédios atuais foram construídos antes do século 16, quando muitas das fortificações medievais foram destruídas por artilharia e bombardeios em uma das grandes batalhas em que o castelo foi o alvo principal. Dentre as edificações que ainda resistem estão a Capela de St. Margaret (construída no século 12), o Palácio Real e o Grande Salão (construído no início do século 16).

Já ao final do século 17 o castelo foi transformado em uma base militar. Atualmente o castelo é considerado a segunda atração mais visitada na Escócia, possui  muitas atividades e é palco de muitos eventos e festivais, sem contar os diversos museus localizados no seu interior.

Dentre todas as atrações que você poderá ver no castelo, uma delas nos impressionou muito: o Memorial da Guerra, um prédio que guarda muita história, objetos e símbolos em homenagem aos homens e mulheres que morreram em nome da Escócia na Primeira Guerra Mundial. Quanto à sua origem, foi inicialmente uma igreja medieval (St. Mary's Church), transformada em armazém de armas em 1540. Em 1755 foi demolido para a construção de alojamentos para os soldados,  finalmente desocupado em 1923, e então adaptado para que pudesse abrigar  o atual Museu Nacional da Guerra.

O Museu foi oficialmente inaugurado em 14 de julho de 1927. Tudo dentro desse Museu é fantástico. Esculturas, pinturas, inscrições, símbolos e brasões. Porém, não é permitido fotografar.  Por mais que pareça irônico, a sensação de paz é imensa, mesmo  se tratando de um museu que foi construído para lembrar a guerra. Ok, ok, não foi construído para lembrar a guerra, mas sim para homenagear os que lutaram nas guerras em nome da Escócia. Ainda assim, não há como não pensar em guerra ou  violência enquanto se visita esse local. Engraçado isso, pois mesmo pensando em todas as atrocidades que ocorreram durante as batalhas, a melhor maneira de descrever a sensação dentro desse prédio é paz. Os funcionários encarregados de cuidar do local são muito atenciosos e bem informados. Pedimos explicações sobre algumas obras e a senhora que nos atendeu contou-nos um pouco da história do local. A Thaís chegou a ficar emocionada. Quem a conhece sabe que ela chora à toa, mas neste caso realmente não foi exagero. Ah, nem tente tirar fotos, pois esses mesmos funcionários atenciosos estão sempre atentos e, como em todo Reino Unido, zelam para que as regras sejam cumpridas à risca. Chegaram a retirar do local um grupo de turistas que estava fazendo bagunça, tocando nos objetos e fotografando.


2) St Giles' Cathedral






A Catedral foi fundada no início do século 12, por volta de 1120 --- não tenho certeza da data exata :'( --- na praça do Parlamento e em meio à tão famosa Royal Mile, praticamente no meio do caminho entre o Castelo de Edimburgo e o Palácio de Holyroodhouse. No século 16 a catedral  sofreu grandes mudanças, quando John Knox instaurou a Reforma Religiosa da Escócia dando início ao Presbiterianismo. Knox foi ministro da igreja entre os anos de 1559 e 1572. A catedral teve importante papel não só religioso, mas também como centro político de Edimburgo durante a idade média.

Em 1385 a igreja foi incendiada, sendo reconstruída nos anos seguintes. Assim, muito do interior da igreja atual , inclusive as diversas capelas,  foram construídas ao longo dos últimos 6 séculos , fazendo com que, tanto a arquitetura da igreja como o seu tamanho, sofressem alterações significativas.

São muitas as capelas no entanto uma delas nos chamou mais atenção. Não por ser maior, mais bonita, mais clara ou mais escura, ou mesmo por ter aspectos arquitetônicos diferenciados. Nada disso, foi pela importância histórica e pelo que ela representa ao povo escocês. Situada no canto direito ao fundo da nave  (área central de uma igreja onde se reúnem os fiéis para assistirem a missa), guardada por uma antessala escura, com teto decorado com brasões e diversas pequenas esculturas em formato de flores e folhas, murais de pedra nos quais estão inscritos os nomes de ilustres personagens que marcam a história da igreja, como Príncipe Albert, Rei George IV e Rainha Victoria. Ao fundo dessa antessala há uma outra entrada guardada por quatro pequenos anjos, a qual dá acesso à Capela da Ordem de Thistle, uma ordem da Cavalaria da Escócia, comandada por ninguém menos que a Rainha. Esta é a capela da mais antiga ordem de cavaleiros e nobres da Escócia. É pequena, mas imponente, com muitos detalhes e símbolos que representam as famílias de cavaleiros que tiveram a honra de compor a Ordem de Thistle, a qual foi criada em 1687 por James VII e consiste de apenas 16 cavaleiros, os quais são escolhidos pela rainha e são, normalmente, escoceses que fizeram significativas contribuições para o país. Ainda hoje, os cavaleiros se reúnem com a rainha nessa capela em algumas datas importantes todos os anos, como nos antigos tempos medievais, e ali cultuam não só Deus e santos, como também a rainha.

3) O trono de Arthur






Para não faltar um pouco de esporte durante uma visita à Escócia, decidimos fazer uma pequena caminhada vulcão a acima, digo, morro acima. Situado no Holyrood Park, está mais um vulcão extinto, ao qual os escoceses deram o nome de Arthur's Seat, ou Trono de Arthur. São apenas 250 metros de altitude, mas com inúmeras trilhas que levam ao topo. Algumas dessas trilhas são relativamente simples enquanto outras são bem mais complicadas. Nós subimos o morro na raça mesmo, sem nenhum guia ou livreto que pudesse nos indicar a dificuldade das trilhas. Simplesmente subimos a primeira trilha que encontramos. Não estava tão difícil, até que começou a chover mais forte. Ficamos alguns minutos parados na chuva, pois estava um pouco arriscado subir. Depois de uns 20 minutos a chuva nos deu uma trégua, e apesar dos conselhos que recebemos (para não subir) de algumas pessoas que estavam descendo o morro, decidimos continuar. Já a uns 200 metros de altitude tivemos que trocar de trilha, pois a que estávamos seguindo seria impossível continuar devido à chuva. Bem, mas alguns minutos e lá estávamos nós. No topo do Trono de Arthur. Toda a trilha é muito interessante, com uma vista maravilhosa, mas que não se compara com a vista que tivemos quando chegamos ao topo. Realmente vale a pena subir e ficar por lá alguns minutos. Pude imaginar o que sentem as pessoas que escalam aquelas montanhas enormes. A sensação de liberdade é imensa, parece que se está tocando o céu. Isso porque é um morro de apenas 250 metros, imagine escalar uma montanha de verdade.

Um conselho para quem decidir subir o morro:  não esqueça o casaco, pois o vento lá em cima pode tornar o ambiente bem frio.

Tenho que falar ainda do hostel em que ficamos. Chama-se Budget Backpackers (http://www.budgetbackpackers.com). Recomendo. É limpo, bem localizado, organizado e bem humorado. O símbolo do hostel é um burro. Há vários quadros ao longo dos corredores com o burro em situações engraçadas em vários pontos turísticos do mundo, inclusive no Brasil. A Thais nunca tinha ficado em um hostel e curtiu bastante esse. É bem grande, tem 2 prédios, um de cada lado da rua, com 3 andares cada. Em cada andar tem 1 banheiro feminino, 1 masculino e 1 misto, todos limpos. O banheiro misto tem secador de cabelo (imprescindível para as mulheres mochileiras). Existe também 1 cozinha por andar, sendo que a do 1º andar fica aberta 24 horas. Tem também uma lavanderia com tanque, máquina de lavar e secar (que funcionam com moedas), ferro e tábua de passar roupa. As camas são confortáveis. Há toalha de banho para locação. Na recepção trabalham pessoas bem jovens e simpáticas. Só inglês deles não é muito fácil de entender (segundo a Thaís). Para mim, o que difere é a velocidade com que eles falam e a terminação das palavras, mas nada de assustador como muitos pensam.

Em resumo, Edimburgo é nota 10. O povo (e os turistas também...) é receptivo e festeiro (e põe festeiro nisso!). As pessoas são educadas e normalmente prestativas além de bem amigáveis. Além disso, encontramos dois detalhes importantes, a carne é muito melhor que na Inglaterra e existe uma cerveja escocesa excepcional, chamada ab-blonde, feita pela cervejaria Arran, situada na ilha de Arran, território escocês. Experimente!



Festa na chegada também

Cheguei, tomei café-da-manhã no aeroporto e fui ao meu antigo apartamento, no qual meu antigo quarto agora é ocupado por outro amigo.
Pensei em descansar para poder curtir a noitada paulistana com os amigos, mas não rolou. Ficamos de papo e organizando as atividades do dia como encontrar uma churrascaria, planejar a “Jam Session” e tudo mais.

Escolhemos uma churrascaria que fica do outro lado da cidade, e isso para São Paulo significa uma hora dirigindo quando o trânsito está bom. Para a nossa felicidade o trânsito estava bom :)

Comi muito. Na verdade só parei quando meu estômago deu sinal de jogar a tudo fora por falta de espaço. Fazia tanto tempo que não comia uma boa carne ....

Depois do almoço a famosa modorra. Ô vontade de dormir. Finalmente as 4 da tarde pensei em tirar uma pestana. Durou 15 minutos, pois tivemos que sair para comprar as bebidas para a “Jam Session”.

As 21:00 hs começou a bebedeira com muita música ao vivo no saguão do prédio do Jão. E eu? Eu a 62 horas sem dormir .... digo, com apenas 15 minutos de cochilo. Mas tudo bem, com cerveja e música fica fácil de agüentar.

Saímos para a tão esperada balada. O local: Diquinta em Sampa. Uma casa de samba-rock. Muito loco, bem divertido e alegre. Ritmo genuinamente brasileiro e muitas pessoas com suingue na veia. Ficamos até as 3:30 da madruga com direito a show de dança do Maikon e do Zappa. Mas enfim descobri que não sou de ferro e pedi para galera para irmos para casa.

Chegamos em Moema, pegamos minhas malas e os instrumentos musicais do Zappa e do Maikon e zarpamos para Campinas. Na estrada estava complicado, o sono e a fome apertando. Para chegar em Campinas a salvo o Zappa estava usando uma estratégia estranha mas que funcionou bem. Ele estava  batendo no próprio rosto para ficar acordado e não bater em outro carro.  Uma beleza. Mas enfim, as 7 da manhã em casa. Agora dá para dormir, né? Não! não dá mesmo. Tinha o workshop de samba na Unicamp. O Maikon me inscreveu em 3 das aulas, cada aula de uma hora e meia, e a primeira começou as 9:30 da madrugada!!!!!

Mas é claro que aproveitei as duas horas que tive para dormir, pois já se iam 72 horas com apenas um cochilo. As 9 estava de pé novamente e entre 9:30 e 10:00 lá estava eu na minha primeira aula de dança. Samba no pé mermão! Legal, deu para levar. Aprendi algumas coisas que espero me lembrar da próxima vez que sair com a galera.

As 4 da tarde eu morri. Joguei a toalha. Não agüentava mais ficar em pé e nem mesmo pensar. Fui para casa, mas ao invéz de dormir tive que arrumar as malas. É bom lembrar que o limite de bagagem em vôos comerciais aqui no Brasil, sem pagar excesso de bagagem é de 23 kilos apenas. Eu tinha aproximadamente 62 kg sem contar a bagagem de mão! Fiz o que pude para diminuir e deixar algumas coisas na casa do Maikon. Essa tarefa consumiu muito tempo e não consegui dormir.

As 21 hs o Maikon chegou para me levar ao aeroporto. Em cima do laço. Para ajudar, ele perdeu a entrada do aeroporto e acabamos chegando atrasados. Mas como estamos no Brasil, fila para o check-in, fila para pagamento do excesso de bagagem e vôo atrasado. Ê maravilha. Percebi que estava mesmo no Brasil.

Próximo passo foi esperar o vôo sem cair no sono, ir até Curitiba sem dormir, pois tinha que trocar de avião em Curitiba senão iria parar em Maringá e, então, esperar mais alguns minutos para chegar em Foz do Iguaçu. Quase lá!!!!

Consegui, não dormi e ainda aproveitei para ler uma revista muito legal da Gol. Super entretenimento. Vôo super agradável sem contar o show de aterrissagem do piloto da Gol, nunca vi algo tão ruim. Faz parte.

Cheguei as 2:30 da manhã em casa, meio morto meio vivo, mas cheguei e fui dormir apenas as 4. Foram apenas (aprox.) 92 horas sem dormir direito, mas com direito a 2 horas e 15 minutos de cochilos.

O esforço valeu muito a pena, pois foram duas despedidas com muita cerveja belga e Sambuca, rever os amigos, almoço especial na chegada, “Jam Session” com a galera, mais uma festa a noite paulistana, viagem para Campinas e até aula de samba. Quer mais que isso? Para fechar com chave de ouro, cheguei ao aeroporto e reencontrei minhas três mulheres: minha mãe, irmã e namorada!

Final feliz, cansado, mas muito feliz!